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segunda-feira, 11 de abril de 2016

PRODUÇÃO ACADÊMICA

Extrapolar a sala de aula e compreender a relação ensino-aprendizagem como conjunção de múltiplas e plurais atividades de pesquisa, extensão, culturais e políticas constitui um desafio. (RUBIM, 1995, p. 1)

Eu já estava do outro lado quando comecei a caminhar na minha própria linha. Fui procurar conhecer em outras áreas de conhecimento o sentido da minha arte, da minha formação como artista-professor-pesquisador. Da avaliação e aprendizado que adquiria em sala de aula, daquele espaço que faltava entre as aulas teóricas e práticas, de toda extensão que desse continuidade aos meus pensamentos e fazer discente na universidade. Desempenhava minhas funções e conhecia a dinâmica do profissionalismo, transitava e evoluía a cada passo: passei por todo o campus Guamá (institutos, blocos, R.U, beira do rio, vadião), lá encontrei horizontes que despertavam novos olhares sobre a vida universitária, conheci o mundo da pesquisa e desbravei outros sentidos; passei pelo PPGArtes onde interagi com pensamentos poéticos e leituras sobre o conhecimento da vida; pelo ICA onde contribui na produção e comunicação das informações artísticas; pelos estágios em escolas e instituições que me ensinavam a dinâmica do profissionalismo; por grupos de pesquisas, congressos e encontros que ampliavam o conhecimento artístico para o meu entendimento cênico; pelos amores, aventuras e crises que encontrava pelos caminhos que me faziam seguir a diante e acabava na disciplina: Exercício da Cena 5 - Posto[1]. No meio da trilha tinha mais espontaneidade e atenção em demarcar território. Ali o caminho largo me traçava outras possibilidades de reler o entendimento do espaço, desde o universo até minha extensão de sobrevivente no planeta cosmo. Redescobria-me como um circulo que divaga em outros pensamentos que desbravam as linhas de um rizoma:

[...] Diferentemente das árvores ou de suas raízes, o rizoma conecta um ponto qualquer com outro ponto qualquer e cada um de seus traços de mesma natureza; ele põe em jogo regimes de signos muito diferentes, inclusive estados de não signos. O rizoma não se deixa reconduzir nem ao Uno nem ao múltiplo. Ele não é o Uno que devém dois, nem mesmo que deveria diretamente três, quatro ou cinco etc. Ele não é um múltiplo que deriva do Uno, nem ao qual o Uno se acrescentaria (n-1). Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes de direções movediças. Ele não tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda [...] (DELEUZE, 1995, p. 43).

Estava no meio dessa construção universitária, algo abria os meus olhos ao som das vozes codificadas em outras línguas que embalavam a leitura do novo; da real forma de comunicação entre linhas. Quando me perguntavam qual era o meu curso, respondia de uma forma que levasse a informação até a linha de pesquisa de quem perguntava, deixando fluir a comunicação artística de um discente em teatro. Em outros momentos mostrava na prática a minha formação e dialogava com o outro. É preciso sair do descanso. Superar o absurdo. Se inquietar, esgotar a energia que te explode. Acreditar no novo, realizar sonhos, crescer ao nível do mundo. Se juntar ao estranho; deixar a sua moradia e ser a sua casa. Compartilhar conhecimento e contribuir no desenvolvimento; no documento memorável de um acontecimento histórico.

No infinito espaço procurei entender o meu campo de pesquisa, as informações chegavam de todas as partes e tentava capturar pelo raciocínio do meu aprendizado. O entendimento do conhecimento fluía e a produção acadêmica acontecia. Estava em movimento com outras linhas de pesquisa e descobria o mundo; me fazia presente até parar na dúvida e perceber por onde caminhar. Liguei o nobreak e conectei-me ao ciberespaço. Cartografei fatos (http://goo.gl/ept9sl) e organizei o andamento dos dias, das aulas, do pensamento teatral.

Tudo confunde o tempo-espaço da minha mente. Subtrai sistematicamente as condiçõesexistentes do corpo. Aperta confrontos com o coração e rompe a ligação com a mente. Olho desgarrado para as informações do mundo, procuro adaptá-la a minha rotina. Tudo se perde, sai pelos poros e a existência não me qualifica como ser. Sobrevoo, perco a noção de amplitude; esbarro no invisível que detona a imaginação por não superar o ar que respiro. Sufoco-me acreditando que amanhã será melhor. Acredito em novas fases de sobrevivência. Saio do game-over. Pulo ao som da distorção; me dilato na batida cadente da explosão do meteoro. Multiplico-me em dois pensamentos, torno-me frágil. Sou expulso da terra. Vago no infinito inexistente que me acolhe. Grito em animus, recomponho-me em anima. Sou transversal; alquimista sobrevivente por sentimentos múltiplos. Tenho arte saturada no grau zero da escrita

Pedir a noção dos pensamentos. A trajetória da formação teatral se aplica em todas as linguagens. Tudo é código existencialista da comunicação. Penso a arte, para obtê-la, como grande fomentadora do entendimento para o despertar de um novo amanhecer. Percebo a plenitude de territórios de conhecimentos científicos, infinitos consentimento linguístico da informação. Tudo é modo de sobrevivência. Visualidade alinhada da vida. Cartografia do som desenhado na imaginação. No raciocínio de ideias de possíveis diálogos que se transformavam às vezes em poemas de conhecimentos adquirido no curso:

– Hoje foi me apresentado a poesia de Manoel de Barros.
– Não, não era nenhuma poesia romântica.
– O romantismo ia além das palavras bonitas.
– Existia a simplicidade através do olhar do poeta.
– O olhar que poucos têm.

Fecheis os olhos e vi naquele escuro a verdadeira arte das palavras. Elas se misturavam com os objetos formando sentimentos que tiravam de mim o que já não tinha. “O que tuas mãos fazem?”, perguntou um objeto que estava esquecido no chão. Não respondi. Apenas imaginei o que elas poderiam fazer. “Para onde teus pés te levam?”, perguntou outro objeto que impedia o meu caminho. Fiquei pensando sobre isso. Acho que mesmo parado podemos ir para onde quisermos, desde que nossa imaginação se sinta à vontade.
Juntei todas as minhas indecisões e troquei por um pequeno espaço no universo. Irei construir um planeta com minhas lembranças do passado. Onde meu corpo se transformará em outros corpos para não me sentir só. Onde viver não será mais uma obrigação. Meus sonhos se transformaram em músicas para fazer a sonoplastia do meu cotidiano. Irei viver no meu mundo, onde a realidade será ficção e ficção será a minha realidade. Irei viver como num filme, num livro, numa poesia de Manoel de Barros:
– Em seu mundo inteligente e cheio de loucuras o que pretende fazer?
– Deixar minha realidade e viver de ficção para ir além das fronteiras.
– Eu não sou mais eu. Sou tudo.
– Sou todas as coisas.
(Blog Corpo Palavra, 25/05/2011)

Esse post no blog me fez perceber o objetivo de um dialogo; da onde ele parte e como é construído. Como poderia trabalhar de vários modos o meu conhecimento, praticando o entendimento da realidade e de outros códigos da minha interpretação de conteúdo. Em alguns casos demostrava apenas uma parte da minha ação, da compreensão funcional das coisas. Aprendia conhecendo e ensinado fatos que me traziam retornos pra vivenciar esse estado de ser. A presença em cada parte me trazia um bem, desde o local ao universal. Pertencia de fato a educação e pesquisa em teatro. Tinha a área do conhecimento cênico em mim.




[1] Exercício da Cena 5 (posto) é uma disciplina criada pela turma 2012 que dava continuidade a nossa grade curricular após o termino das aulas. As aulas aconteciam num posto de gasolina que fica em frente à ETDUFPA onde desempenhávamos a tarefa da descontração.  

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