Extrapolar a sala de aula e
compreender a relação ensino-aprendizagem como conjunção de múltiplas e plurais
atividades de pesquisa, extensão, culturais e políticas constitui um desafio. (RUBIM,
1995, p. 1)
Eu já estava do outro lado quando
comecei a caminhar na minha própria linha. Fui procurar conhecer em outras
áreas de conhecimento o sentido da minha arte, da minha formação como
artista-professor-pesquisador. Da avaliação e aprendizado que adquiria em sala
de aula, daquele espaço que faltava entre as aulas teóricas e práticas, de toda
extensão que desse continuidade aos meus pensamentos e fazer discente na
universidade. Desempenhava minhas funções e conhecia a dinâmica do
profissionalismo, transitava e evoluía a cada passo: passei por todo o campus Guamá
(institutos, blocos, R.U, beira do rio, vadião), lá encontrei horizontes que
despertavam novos olhares sobre a vida universitária, conheci o mundo da
pesquisa e desbravei outros sentidos; passei pelo PPGArtes onde interagi com
pensamentos poéticos e leituras sobre o conhecimento da vida; pelo ICA onde
contribui na produção e comunicação das informações artísticas; pelos estágios
em escolas e instituições que me ensinavam a dinâmica do profissionalismo; por grupos
de pesquisas, congressos e encontros que ampliavam o conhecimento artístico
para o meu entendimento cênico; pelos amores, aventuras e crises que encontrava
pelos caminhos que me faziam seguir a diante e acabava na disciplina: Exercício
da Cena 5 - Posto[1].
No meio da trilha tinha mais espontaneidade e atenção em demarcar território.
Ali o caminho largo me traçava outras possibilidades de reler o entendimento do
espaço, desde o universo até minha extensão de sobrevivente no planeta cosmo.
Redescobria-me como um circulo que divaga em outros pensamentos que desbravam
as linhas de um rizoma:
[...]
Diferentemente das árvores ou de suas raízes, o rizoma conecta um ponto
qualquer com outro ponto qualquer e cada um de seus traços de mesma natureza;
ele põe em jogo regimes de signos muito diferentes, inclusive estados de não
signos. O rizoma não se deixa reconduzir nem ao Uno nem ao múltiplo. Ele não é
o Uno que devém dois, nem mesmo que deveria diretamente três, quatro ou cinco
etc. Ele não é um múltiplo que deriva do Uno, nem ao qual o Uno se
acrescentaria (n-1). Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes de
direções movediças. Ele não tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele
cresce e transborda [...] (DELEUZE, 1995, p. 43).
Estava no meio dessa construção
universitária, algo abria os meus olhos ao som das vozes codificadas em outras
línguas que embalavam a leitura do novo; da real forma de comunicação entre
linhas. Quando me perguntavam qual era o meu curso, respondia de uma forma que
levasse a informação até a linha de pesquisa de quem perguntava, deixando fluir
a comunicação artística de um discente em teatro. Em outros momentos mostrava na
prática a minha formação e dialogava com o outro. É preciso sair do descanso.
Superar o absurdo. Se inquietar, esgotar a energia que te explode. Acreditar no
novo, realizar sonhos, crescer ao nível do mundo. Se juntar ao estranho; deixar
a sua moradia e ser a sua casa. Compartilhar conhecimento e contribuir no
desenvolvimento; no documento memorável de um acontecimento histórico.
No infinito espaço procurei
entender o meu campo de pesquisa, as informações chegavam de todas as partes e
tentava capturar pelo raciocínio do meu aprendizado. O entendimento do
conhecimento fluía e a produção acadêmica acontecia. Estava em movimento com
outras linhas de pesquisa e descobria o mundo; me fazia presente até parar na dúvida
e perceber por onde caminhar. Liguei o nobreak e conectei-me ao ciberespaço.
Cartografei fatos (http://goo.gl/ept9sl)
e organizei o andamento dos dias, das aulas, do pensamento teatral.
Tudo
confunde o tempo-espaço da minha mente. Subtrai sistematicamente as condiçõesexistentes do corpo. Aperta confrontos com o coração e rompe a ligação com a
mente. Olho desgarrado para as informações do mundo, procuro adaptá-la a minha
rotina. Tudo se perde, sai pelos poros e a existência não me qualifica como ser. Sobrevoo, perco a noção de amplitude; esbarro no invisível que detona a imaginação por não superar o ar que respiro. Sufoco-me acreditando que amanhã
será melhor. Acredito em novas fases de sobrevivência. Saio do game-over. Pulo
ao som da distorção; me dilato na batida cadente da explosão do meteoro.
Multiplico-me em dois pensamentos, torno-me frágil. Sou expulso da terra. Vago
no infinito inexistente que me acolhe. Grito em animus, recomponho-me em anima.
Sou transversal; alquimista sobrevivente por sentimentos múltiplos. Tenho arte
saturada no grau zero da escrita.
Pedir a noção dos
pensamentos. A trajetória da formação teatral se aplica em todas as linguagens.
Tudo é código existencialista da comunicação. Penso a arte, para obtê-la, como
grande fomentadora do entendimento para o despertar de um novo amanhecer.
Percebo a plenitude de territórios de conhecimentos científicos, infinitos
consentimento linguístico da informação. Tudo é modo de sobrevivência.
Visualidade alinhada da vida. Cartografia do som desenhado na imaginação. No
raciocínio de ideias de possíveis diálogos que se transformavam às vezes em
poemas de conhecimentos adquirido no curso:
– Hoje
foi me apresentado a poesia de Manoel de Barros.
– Não,
não era nenhuma poesia romântica.
– O
romantismo ia além das palavras bonitas.
–
Existia a simplicidade através do olhar do poeta.
– O
olhar que poucos têm.
Fecheis os olhos e vi naquele escuro a verdadeira
arte das palavras. Elas se misturavam com os objetos formando sentimentos que
tiravam de mim o que já não tinha. “O que tuas mãos fazem?”, perguntou um
objeto que estava esquecido no chão. Não respondi. Apenas imaginei o que elas
poderiam fazer. “Para onde teus pés te levam?”, perguntou outro objeto que
impedia o meu caminho. Fiquei pensando sobre isso. Acho que mesmo parado
podemos ir para onde quisermos, desde que nossa imaginação se sinta à vontade.
Juntei todas as minhas indecisões e troquei por um
pequeno espaço no universo. Irei construir um planeta com minhas lembranças do
passado. Onde meu corpo se transformará em outros corpos para não me sentir só.
Onde viver não será mais uma obrigação. Meus sonhos se transformaram em músicas
para fazer a sonoplastia do meu cotidiano. Irei viver no meu mundo, onde a
realidade será ficção e ficção será a minha realidade. Irei viver como num
filme, num livro, numa poesia de Manoel de Barros:
– Em
seu mundo inteligente e cheio de loucuras o que pretende fazer?
–
Deixar minha realidade e viver de ficção para ir além das fronteiras.
– Eu
não sou mais eu. Sou tudo.
– Sou
todas as coisas.
(Blog Corpo Palavra, 25/05/2011)
Esse post
no blog me fez perceber o objetivo de um dialogo; da onde ele parte e como é
construído. Como poderia trabalhar de vários modos o meu conhecimento, praticando
o entendimento da realidade e de outros códigos da minha interpretação de
conteúdo. Em alguns casos demostrava apenas uma parte da minha ação, da
compreensão funcional das coisas. Aprendia conhecendo e ensinado fatos que me
traziam retornos pra vivenciar esse estado de ser. A presença em cada parte me trazia
um bem, desde o local ao universal. Pertencia de fato a educação e pesquisa em teatro.
Tinha a área do conhecimento cênico em mim.
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[1]
Exercício
da Cena 5 (posto) é uma disciplina
criada pela turma 2012 que dava continuidade a nossa grade curricular após o
termino das aulas. As aulas aconteciam num posto de gasolina que fica em frente
à ETDUFPA onde desempenhávamos a tarefa da descontração.
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