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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Picadeiro de objetos



Viver de inventar as coisas é bem mais emocionante do que viver de repetir as coisas. De reproduzir o que já existe e o que é colocado para nós reproduzirmos.

Meu corpo segue a vontade de minha imaginação. Assim me largo entre pensamentos para descobrir o que não existe.

Quando era criança, usava meus pés para voar. Agora, já adulto, vejo que eles apenas sustentam meu corpo. (As poesias de Manoel trouxeram as asas dos meus pés novamente).

Pensei que atravessar a rua era a coisa mais difícil da vida, mas não é. Posso atravessar a rua em meus pensamentos e me imaginar do outro lado e vê como seria está desse lado que estou. Trocar sem sair do lugar. Foi o que aconteceu quando vi os objetos que formavam o picadeiro. Os objetos das pessoas que eu conhecia apenas como um ‘ser normal’. Eles ali, desabando sobre um picadeiro seus sentimentos. Eu parado do outro lado observando. Quer dizer... Recebendo e trocando. Os objetos tinham alegria. Recebi alegria. Os objetos tinham tristeza. Recebi tristeza. Tinham inúmeros motivos. Recebi inúmeros motivos. Os objetos tinham vidas. Troquei a minha vida.

Agora posso brincar entre palavras e corpos. Entre meu corpo palavra. Entre o espaço do outro, mas respeitando meus limites. Posso está parado e me imaginar dentro de uma grande bola. Agora estou dentro de um picadeiro trocando meu corpo pelas palavras.

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