Descrever sobre o ensino nas escolas e desdobrar suas funções, obter conhecimento através de referencial teórico, planejar através da aula-teatro um conteúdo educacional, ensinar e receber informações com diferentes profissionais da educação que experimentam do ensino-aprendizagem para uma qualificação dos estudantes. Essas foram algumas das formas que o Grupo Inquietações trabalhou durante a realização do Programa de Apoio a Projetos de Intervenção Metodológica (PAPIM). Durante dez meses o grupo se lançou no projeto com o objetivo de levar através da arte teatral uma forma de se trabalhar com outro olhar. Modificando em apresentações a relação de professor-aluno sobre temas como: Medicalização, que busca falar das doenças existentes nas instituições de ensino do Brasil.
Nas atividades de campo levávamos aos professores um dialogo do uso do medicamento, de como eles observavam os alunos dentro dos rótulos (patologia, autismo, TDH, dislexia, TOD) e tinham como referencias os tipos de comportamentos dos estudantes. Para se trabalhar com uma nova forma de ensinar, o grupo durante os encontros pesquisava uma forma de atuar com os estudantes. Trazíamos referencias das escolas e dos tipos de comportamentos e aplicávamos nas aulas de teatro o material coletado das observações para um novo ensinar sobre esses comportamentos.
Avanços teóricos, experimentais e práticos obtidos:
As aulas de expressão teatral levaram o Grupo Inquietações a outro estado de percepções onde as criações dos sentidos mostrassem o grupo numa vivencia além da abordagem da informação. Foi através de exercícios de improvisação e criação de cenas que descobríamos uma forma de levar o debate da medicalização para as escolas e ruas. Trabalhávamos com nossas imaginações, partindo da seguinte pergunta: o que é que me inquieta? Essa pergunta foi um mote disparador para termos uma ideia do que poderíamos trabalhar durante nossos encontros.
Imaginação, corpo, improviso, histórias de vidas e arte educação; no inicio tirávamos dessas palavras um leque de conhecimento do que queríamos levar para as escolas, quem iria nos assistir e como levaríamos a informação para o outro. Foi através dos jogos teatrais e da participação coletiva que descobríamos fazendo como eram os usuários e as pessoas diagnosticadas com algum tipo de transtorno.
Integração do Projeto PAPIM com o ensino, a pesquisa e/ ou com a extensão:
No inicio mostrávamos o que sabíamos, como era a reação das pessoas, onde isso interferia e como chegava à observação do outro. Tivemos como referencia um espaço (sala de aula) para entrar num cenário em que era possível diagnosticar os casos que trazíamos para os nossos encontros. Onde os casos surgiam? Em que lugar ele poderia ser observado? Foi através do autismo, da imperatividade e da ausência de sentidos que desdobrávamos para outro lugar. Desdobrávamos nossas criações de cena partindo da ideia de pesquisa-ação; colocávamo-nos como meros reprodutores da informação, como personagens existentes nos espaços de socialização:
"Entendida como uma ação que visa a mudanças na realidade concreta com uma participação social efetiva, a pesquisa-ação crítica está centrada no agir, através de uma metodologia exploratória, tendo seus objetivos definidos no campo de atuação pelo pesquisador e pelos participantes. Seus resultados estão vinculados à tomada de consciência dos fatores envolvidos nas situações de vida imediata e na participação coletiva para a mudança da ordem social. A identificação de problemas e possíveis soluções e o estabelecimento de programas de ação constituem procedimentos que podem ser utilizados com a ajuda de técnicas tradicionais como as da pesquisa documental, dinâmicas de grupo, informações vivas e opinativas dos participantes". (BRANDÃO, 1987)
Nossas aulas se transformavam num espaço de compartilhamento de ideias, numa intervenção teatral. Éramos opressores; oprimidos sem causa num espaço de aprendizado. Com as ideias que surgiam nos encontros, montávamos situações cotidianas que passassem uma informação do que queríamos trabalhar. Sempre nos ensaios colocávamos questionamentos, inquietações do nosso posicionamento como humano, como cidadãos.
Efeitos do Projeto PAPIM na reestruturação e qualificação de cursos de graduação e na atualização de seus Projetos Pedagógicos:
Para se chegar a um bom resultado partimos da pesquisa como indutor da busca de fatos para uma formação profissional e educacional. O grupo inquietação que tem como maiorias participantes discente na formação de educadores, busca relacionar através de suas aulas praticas uma nova formação através da arte. Levantando um novo questionamento no curso que amplia seu conhecimento além da ementa da grade curricular. Elaboramos através da aula-teatro uma nova qualificação, tendo o entendimento do ensino a partir da ação; fazendo e aplicando o conteúdo nas salas de aula e intervenções artísticas.
Durante as aulas de expressão mostrava uma mistura de exercícios teatrais desenvolvidas a partir dos jogos teatrais do livro “Jogos Teatrais: o fichário de Viola Spolin”, que traz cartas de dinâmicas e jogos para ser aplicado em um grupo de teatro, e buscava informações no livro “Jogos para atores e não-atores” do Augusto Boal que apresenta formas de fazer teatro para qualquer publico e em qualquer espaço. A ideia era sempre entrar num jogo e desenvolver uma cena partindo dele. Buscava despertar o interesse teatral nos participantes do projeto e socializar o aprendizado entre o grupo, buscando incentiva-los a conhecer mais sobre a arte cênica por meio de técnicas corporais, leituras e criações.
Com esse planejamento, buscava ferramentas para desenvolver o que tínhamos como ideia. Junto ao grupo, transitávamos com o teatro a partir da realidade em que o aluno vivia e como a escola apresentava essa vivencia. Tínhamos coletado um bom material para trabalhar. Misturávamos para apresentar um bom resultado através dessas discussões, jogos e a vivencia com a turma. Foi através desse pensamento que pretendíamos aplicar nossas discursões nas escolas.
Com os exercícios realizados nos encontros do grupo, montamos duas cenas: a primeira foi uma intervenção na rua que existiam vários tipos de sintoma em que cada um se libertava das correntes que lhe prendiam a doença; a segunda se passava numa sala de aula onde os alunos eram diagnosticados pela coordenadora com vários sintomas que se sujeitavam ao comportamento do cotidiano das crianças. Com as cenas, mostrávamos para o publico de professores uma visão do que realmente acontecia nas escolas e logo em seguida entravamos numa conversa para encontramos uma solução para ser aplicada no ensino das instituições.
Efeitos do Projeto PAPIM junto a Sociedade:
Levar a educação para além dos muros da universidade foi um dos objetivos do grupo. Durante esse processo vivenciamos em três escolas processos diferentes do nosso planejamento de ensino, e achamos importante falar delas em nosso relatório. Junto com os professores percebíamos uma nova forma de lhe dá com os problemas recorrentes nas escolas; nelas mantínhamos um novo dialogo. Paulo Freire na sua obra “Pedagogia da autonomia” diz que o dialogo e a melhor maneira de produzir conhecimento e libertação, pois e um meio de comunicação onde se permite fazer questionamentos através de criticas construtoras e transformadoras.
Ao final de cada apresentação da Aula/Teatro o grupo abria para uma roda de conversa e debater sobre o tema da medicalização da educação, usando como artificio introdutório algumas perguntas disparadoras para iniciar o debate. Dessas perguntas juntávamos a comunidade com os acadêmicos numa formação de ideias. Transitávamos entre teoria-pratica-vivencia para desenvolver um dialogo que apresentasse um caso. Dele tirávamos a total observação enquanto estudo. Como solucionar casos existentes na sala de aula? Dessa pergunta disparávamos ideias para um resultado. Modificação do mostrar, ensinar.
Assim, a comunidade externa compartilhava de suas vivencias o conteúdo mostrado nas apresentações. Traçando o um fio-contudo que levasse a pesquisa feita nos encontros do grupo para o alcance das escolas. Foram relatos de experiências que com nossas atividades e conversas trocávamos, ensinávamos e recebíamos uma nova possibilidade de recepcionar os alunos.
Das atividades feitas além do muro da universidade, tivemos como resposta um grande conteúdo de informações para aplicar em nossos trabalhos: mudança de cena; novas formas de aplicar o ensino; efeito da atividade nos alunos; como eu comunico o outro.
As apresentações das cenas trabalhadas na universidade foram levadas ao publico em locais como: escolas públicas da rede estadual e três intervenções em outros espaços. A primeira aconteceu no Fórum Internacional de Saúde Mental ocorrido no dia 25 de março de 2015 na UFPA, a segunda na praça da república no dia nacional de luta antimanicomial ocorrido no dia 24 de maio e a terceira no Solar da beira no dia 28 de maio de 2015.
Grupo InquietAÇÕES
Coordenação: Lucia Lima
Participantes:
Bernard Freire
Suellen Ferreira
Dayane Brandão
Paulo Almeida
Laura Norat
Nathália Dourado
Amanda Corpes
Débora Amanda
Thayná Marques
Antonio Denis
Priscila Anjos
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