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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um pequeno diálogo com a imaginação e seus fundamentos para a construção do que não existe

– Hoje foi me apresentado a poesia de Manoel de Barros.
– Não, não era nenhuma poesia romântica.
– O romantismo ia além das palavras bonitas.
– Existia a simplicidade através do olhar do poeta.
– O olhar que poucos têm.

Fecheis os olhos e vi naquele escuro a verdadeira arte das palavras. Elas se misturavam com os objetos formando sentimentos que tiravam de mim o que já não tinha. “O que tuas mãos fazem?”, perguntou um objeto que estava esquecido no chão. Não respondi. Apenas imaginei o que elas poderiam fazer. “Para onde teus pés te levam?”, perguntou outro objeto que impedia o meu caminho. Fiquei pensando sobre isso. Acho que mesmo parado podemos ir para onde quisermos, desde que nossa imaginação se sinta à vontade.

Juntei todas as minhas indecisões e troquei por um pequeno espaço no universo. Irei construir um planeta com minhas lembranças do passado. Onde meu corpo se transformará em outros corpos para não me sentir só. Onde viver não será mais uma obrigação. Meus sonhos se transformaram em músicas para fazer a sonoplastia do meu cotidiano. Irei viver no meu mundo, onde a realidade será ficção e ficção será a minha realidade. Irei viver como num filme, num livro, numa poesia de Manoel de Barros.

– Em seu mundo inteligente e cheio de loucuras o que pretende fazer?
– Deixar minha realidade e viver de ficção para ir além das fronteiras.
– Eu não sou mais eu. Sou tudo.
– Sou todas as coisas.

Bernard Freire

Sobre um sonho, imaginação e realidade

"Carrego comigo uma mochila de séculos atrás. Acabei de depositar o meu corpo dentro dela. O corpo que não é mais meu".

Nunca tive visões que mudasse meu modo de interpretar meu cotidiano. Mudo conforme as variação dos dias. Me sentindo preso ao meu corpo, à minha imaginação e ao mundo que reflete a minha rotina. Os dias, as pessoas, as coisas em seu devido lugar, nunca conseguirei entender o que me parece ser frágil, o espalhamento das coisas. Vivo dia após dia tentando procurar razões que me faça refletir sobres as transformações da realidade. Conforme as minhas idéias, procuro encontrar respostas que levam esses motivos a serem esquecido; caminho em direção as ilusões cheias de fantasias, onde a realidade se encontra em constantes transformações.
E aos indivíduos que se encontram nela?­ Nunca saberão as mudanças deles conforme a mudança do mundo, ‘nem eu mesmo sei’.
Caminho num circulo onde os dias são os mesmo, mas as vontades são diferentes. Nos tornamos seres comuns a partir do momento em que entendemos as coisas, e indiferente a partir do momento como às interpretamos. Minhas imaginações seguem em linhas onde percorrem o medo, a angústia, a incerteza, a felicidade, o romance, o abstrato; as mudanças constantes que fazem eu permanece ao meio de uma incrível utopia. Essas mesmas imaginações fazem me lembrar da realidade que vivêncio durante o meu cotidiano, realidade que faz lembrar de que as coisas são fatos, e que esses fatos são segmentos que fazem a realidade funcionarem.
Em meio a esse caos todo, posso imaginar que a realidade é apenas um dos motivos para se criar uma história, baseando-se nos acontecimentos imposto no cotidiano. Que fazem os dias serem os mesmo, os indivíduos permanecerem quietos, as mudanças esquecidas, o novo a ser velho, o barulho ser silêncio, os sentimentos passageiros, e o vivo a se mover sobre um sonho, a imaginação e a realidade. 

Agora tenho minha própria mochila para me acompanhar.

Bernard Freire

Minha recepção

Sentir o peso do portão de ferro ao empurrá-lo, assim como também sentia a energia que acabava de receber ao entrar naquele grandioso espaço repleto de imaginações. Tudo era novo. Tudo era estranho. Saber que os próximos dois anos de minha vida iriam se passar ali, junto com outros corpos com o quais iria trocar sonhos. Não sei qual foi o motivo que me levou até aquele local. Talvez fossem todas as minhas lembranças que me levaram espontaneamente. Queria vivê-las novamente.

O quadro de aviso bateu os meus olhos indicando onde seria a atividade acadêmica programada para aquele dia. “Papo de ator. Convidados: Claudio Barradas, Karine Jansen, Wlad Lima. Auditório. Fui guiado com um sentimento calmo para adquirir os conhecimentos do que se aconteceria por ali. Afinal, adquirir referência de outros atores, havia se tornado comum para mim desde o dia anterior, quando assistir a apresentação de um monólogo interpretado pelo ator Claudio Barros. A sala não estava muito cheia, mas os olhares compenetrados das pessoas seguiam a fala dos atores experientes.

Fiquei perplexo com as falas e imaginei o que me aguardava naquela escola. O que iria de fato fazer meus sentimentos transbordarem. Havia tantos dentro mim. Acho que já era hora de trabalhar com o olhar em relação ao mundo. Sempre quis seguir em frente com os olhares do mundo. Minha primeira vontade era viajar e encontrar o inevitável. Acho que encontrei. Quero me jogar no mundo artístico. Deixar o medo apenas como um contra-ponto de quando, em momentos de silêncio, me perguntasse: ‘se eu tivesse ido, como seria?’ Então o medo poderia tomar conta de mim.

Mas eu decidi ir, e quero encontrar tudo. Tudo.

Bernard Freire