Montagem Teatral: Quem
não deve não temer Grupo Quatrúpedes de
Teatro.
“Proibi o uso do nariz
vermelho só pelo fato dele ser ‘vermelho’? Hora, me poupe. FORA TEMER!”
Com
a ideia de mostrar a expressão teatral através da arte da palhaçaria, o Grupo
Quatrúpedes de Teatro sai atropelando realidades referentes ao Brasil e sua
política atual. O espetáculo Quem não deve não Temer, é a primeira montagem do
grupo que aparece em cena tirando sarro e se permitindo arrancar do público
risos e choros. Mostrando um retrato da sociedade e a importância de resolver a
cena em meio à crise política presente no país, o espetáculo bagunça as
informações e pisa na sensação de perda dos direitos, nos fichando como
criminosos que vivem da imaginação de se viver. A interpretação persegue os
argumentos que os palhaços Tito e Fiapo colocam em cena, movendo o jogo de
ignorância do outro e a surpresa que temos ao encontrar o inesperado.
Entre
músicas e histórias, o espetáculo revela por meio de mensagens o que não
podemos deixar de acreditar, descobrindo identidades e características entre o
público que participa desse acontecimento contracenando com a história de
nossas vidas. Se encaixando nos buracos cotidianos do palco onde os palhaços se
perdem brincando ao recontar o que acabamos de esquecer. É rindo que os
palhaços erram, é se distraindo que acordamos para entender o absurdo em que
nos metemos. A narrativa contada entre os palhaços e o público, diz o que não
queríamos acreditar em pleno século XXI, quando somos puxados pela história que
nos fazem chorar de verdade. Mas afinal, não era pra rir?
Demonstrar
alegria e prazer em meio à palhaçada a qual estou participando não é a única
forma de atuar. Quero atropelar os sentidos que o palco me permite, mudar o
entendimento que nos fazem acreditar, tirar de dentro da caixa sonhos que
podemos ter acordados, ser cara de pau e roubar além do riso os pertences que
tomamos emprestados para mudar de lugar. O palhaço rir muito quando estamos na
merda, devemos ser ele. Temos que perder não perdendo, ampliar nossa capacidade
de argumentos, ser palhaço e dar cara a tapa para a posição social que está
imposta por um representante que não nos representa. Colocar o nariz vermelho
não é brincar, é torna real o que acreditamos. Sumir para outro plano que
pertence a paz do descanso e voltar na alegria de ser a gente. O que tá do
outro lado do espelho não é a gente, é o retrato social de um país que perde a
vontade de acreditar na realidade, viajando nas bolhas da imaginação que é mais
real.
Temos
que dar fim ao espetáculo político, se levantar perante o sistema e romper
laços que nos amarram. É preciso rir de nossas verdades que mostram outro lugar
para viver, perceber que tudo tá errado e que continuamos acreditando no que é
nosso. Temos que nos fazermos de palhaço para quem quer nos fazer de palhaços.
Puxar o tapete e revelar verdades, sonhos e denunciar o absurdo. Sair
atropelando em mil patadas uma representação impostada que nos rouba a essência
de fazermos nossa arte. Ser atrevido, brigar por risos, acreditar que tudo não
passa de uma encenação e atuar a nossa mentira verdadeira. Sair da caixa e
acabar se esbarrando com outras possibilidades que nos conduzem para grandes
perspectivas, ser tudo e ao mesmo tempo quase nada, ser o outro e eu na mesma
situação. Atravessar a corda bamba e romper o silêncio, afinal Quem não deve
não temer!
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