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domingo, 26 de junho de 2011

Por trás do que eu não vejo


No inverno de 1995, lembra-se de como o dia frio e chuvoso dava a sensação de como a vida era maravilhosa. Claro que aquilo tudo não era eterno. Mas sentado na frente da porta de sua casa, observando as gotas caindo, fez com que aquela cena ficasse gravada para sempre em sua imaginação. O momento e uma imaginação inocente que somente a infância podia lhe proporcionar. Que seriam uns dos primeiros passos para assumir uma vida.
Seria difícil tentar não falar do trabalho apresentado na disciplina Leitura e Expressão do Olha, ministrada pela professora Wlad Lima. No meio da apresentação, enquanto se dava uma das cenas, revir todo o processo de criação do espetáculo. Aproveitei os últimos momentos quando estava em cena e quando os outros estavam em cena. Sentado, parado no meu lugar, pensei na história de cada um. Nas alegrias. Nas perdas. Nas dores. Nos encontros. Seria muito injusto dizer que foi perfeito e que acabou. Pode até ser. Mas sinto que por dentro ainda há algo querendo continuar. Espero poder continuar trabalhando com meu olhar e o meu corpo em outras disciplinas do curso (lógico que vai continuar).
Meus ‘Times de Botões’ que são meus amigos desde a infância, compartilharam um pouco de mim para que os outros me ajudassem na minha apresentação. Não sinto saudade. Sinto que conseguir realizar um trabalho. Um trabalho que eu sempre fazia como outro qualquer. Deixei de pensar assim quando me toquei que aquilo era teatro, e se eu não me entregasse ali, tinha que abandonar parte do meu conhecimento. Falo em conhecimento porque adquirir muito lendo e observando sobre artes cênicas. Não queria perde isso.
Agradeço as professoras, aos meus amigos de turma, ao Manoel de Barros e aos meus Times de Botões. Pude sentir o que já não sentia. Reencontrei meu avô em minhas lembranças. Relembrei de quando eu era feliz e não precisava fingir. Percebi que mudei. Não queria ter mudado. Como pude percebe isso só agora. Continuarei a percorre numa parábola de interrogações, amores infantis, heroínas românticas, desejos secretos, sonhos de consumo, tentativas de suicídio, vontades próprias, ilusão caótica, mentes abertas, blasfêmia, obcecação e idéias ridicularizadas. Mas vivo de ficções em um mundo real, e isso me conforta. Aprendi a fazer teatro. Que dizer, estou apredendo.

*O olhar, a palavra e o fato que eu te amo: tudo está em movimento (A via láctea).

sábado, 25 de junho de 2011

Algumas cenas do ensaio

Camila (foto valéria)

 Cecílio

 Rogério

Profª. Wlad

 Todos empilhados (momento descontração)

Lorena e Aniz

Eu (cobrir com a flor pra não mostrar a lágrima de 'emo' no olho [maugda])


Eu e a Lorena

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A poesia de Manoel




Picadeiro de objetos



Viver de inventar as coisas é bem mais emocionante do que viver de repetir as coisas. De reproduzir o que já existe e o que é colocado para nós reproduzirmos.

Meu corpo segue a vontade de minha imaginação. Assim me largo entre pensamentos para descobrir o que não existe.

Quando era criança, usava meus pés para voar. Agora, já adulto, vejo que eles apenas sustentam meu corpo. (As poesias de Manoel trouxeram as asas dos meus pés novamente).

Pensei que atravessar a rua era a coisa mais difícil da vida, mas não é. Posso atravessar a rua em meus pensamentos e me imaginar do outro lado e vê como seria está desse lado que estou. Trocar sem sair do lugar. Foi o que aconteceu quando vi os objetos que formavam o picadeiro. Os objetos das pessoas que eu conhecia apenas como um ‘ser normal’. Eles ali, desabando sobre um picadeiro seus sentimentos. Eu parado do outro lado observando. Quer dizer... Recebendo e trocando. Os objetos tinham alegria. Recebi alegria. Os objetos tinham tristeza. Recebi tristeza. Tinham inúmeros motivos. Recebi inúmeros motivos. Os objetos tinham vidas. Troquei a minha vida.

Agora posso brincar entre palavras e corpos. Entre meu corpo palavra. Entre o espaço do outro, mas respeitando meus limites. Posso está parado e me imaginar dentro de uma grande bola. Agora estou dentro de um picadeiro trocando meu corpo pelas palavras.